EM BUSCA DO SUCESSO ESCOLAR
“Uma escola que perde alunos não deveria ser considerada uma escola. Seria como um hospital que tratasse os sãos e recusasse os doentes…” ( Carta a uma professora pelos rapazes de Barbiana, Ed.fr, Mercure de France, 1968).
Os “chumbos”, as “reprovações”, ou as “retenções” - conforme se queira utilizar em terminologia mais antiquada, cinegética e bélica, mais moral e censória ou mais moderna e asséptica - são manifestações do que se convencionou chamar “insucesso escolar” e são atualmente condenáveis como instrumento de avaliação pedagógica.
Do ponto de vista psicológico, diminuem a autoestima do aluno, desencorajando a sua vontade de aprender, obrigando-o quase sempre a desperdiçar esforços de adaptação a uma nova turma o que por sua vez só agrava a sua situação. Sociologicamente encontramos explicação porque as reprovações tendem a incidir mais nos alunos pertencentes a meios mais desfavorecidos, além de favorecerem com isso o abandono da escola mais cedo e a consequente exclusão social.
A escola não deve ser de todo um meio de “reprodução social”, mas antes um espaço onde a pedagogia diferenciada deve ser o mote e a sua ação e deve estar centrada na promoção de todos os alunos. As “retenções” do ponto de vista pedagógico,( e vários estudos têm-no demonstrado) revelam a sua inutilidade enquanto estratégia para melhorar as aprendizagens dos alunos. Isto é; muitos dos alunos que “repetem” um ano de escolaridade não aprendem mais nem melhor, antes ficam mais fragilizados e suscetíveis de voltarem a repetir.
Em tempos de domínio da economia orçamental, representam um enorme desperdício; cada aluno que repete um ano custa o dobro do que custaria se transitasse. Assim, numa taxa de retenção de 30% representa custos que seriam certamente mais bem aplicados noutras medidas. Mas sem essa “arma”(voltando á linguagem bélica…), como levar os alunos a ter interesse e a assimilar matérias que lhes podem ser necessárias, mas não lhes interessar? Ou então, quando os alunos simplesmente não conseguem mesmo?
Os professores foram formados numa “cultura de justiça”, na distribuição de prémios e punições e, mesmo quando se questionam sobre esse conceito de justiça, sentem-se muitas vezes impotentes para lidarem com situações complicadas que os ultrapassam e ultrapassam a própria escola. Nada disto é fácil e não existem soluções milagrosas capazes de resolver todos os problemas de aprendizagem dos alunos. Mas a opção jamais deve estar entre o “não passar o aluno até saber” ou “passá-lo mesmo sem saber”.
Compete á escola no seu conceito educativo fazer várias tentativas de reorganização e até de currículos, reinventar novas e diferentes maneiras de professores e alunos trabalharem por forma a conseguir fazer da escola um lugar de sucesso onde os alunos aprendam mais e melhor. É urgente que o ensino se “modernize” que as salas de aula sejam espaços aprazíveis e atrativos que os alunos frequentem de forma espontânea para que os resultados surjam positivamente ao ritmo de cada um.
( Noesis; MEC)
(By: SHANTAL AYANA 2021)
Autor: Shantal Ayana 2021
Fonte: Shantal Ayana 2021
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Carlos Carrapiço
2021