quinta-feira, 13 de outubro de 2022

SER HUMANO NO PLANETA DIGITAL (Os seres humanos são capazes de destruir toda a vida na Terra?) 2022

SER HUMANO NO PLANETA DIGITAL

Os seres humanos são capazes de destruir toda a vida na Terra?

BBC- A massa de coisas feitas pelo homem é maior do que a de todos os seres vivos do planeta — será que nosso consumo desenfreado pode destruir a vida na Terra? (Foto: JOSUA MARUNDUH/GETTY IMAGES via BBC)
"A massa de coisas feitas pelo homem é maior do que a de todos os seres vivos do planeta — será que nosso consumo desenfreado pode destruir a vida na Terra?" (Foto: JOSUA MARUNDUH/GETTY IMAGES via BBC).    

Imenso desejo humano de consumo material é nova ameaça global

Entre os vários riscos de catástrofes globais conhecidos pelos seres humanos, alguns aparecem mais nos Média do que outros. Impactos de asteroides, erupções de super vulcões e as mudanças climáticas já protagonizaram filmes de Hollywood.

E cada um deles teve um impacto devastador na vida do nosso planeta no passado.

SUSTENTABILIDADE

Será que alguém já parou para pensar em como os nossos hábitos online podem ser nocivos para o planeta?...

É provável que você já tenha respondido a alguns e-mails hoje, enviado mensagens pelo WhatsApp e feito uma pesquisa rápida no Google. À medida que o dia passa, todos nós ou a grande maioria sem dúvida ficará ainda mais tempo conectado, baixando fotos, ouvindo música e vendo vários vídeos, uns por necessidade laboral, outros apenas por lazer ou puramente para ocupar tempo.

Cada uma dessas atividades que cada um de nós realiza online vem acompanhada de um pequeno custo para o meio ambiente – algumas gramas de dióxido de carbono (CO2) são emitidas devido à energia necessária para rodar os seus dispositivos e alimentar as redes sem fio que para o devido efeito precisamos de utilizar!

BBC - A pegada de carbono dos nossos dispositivos, da internet e dos respectivos sistemas de suporte representa cerca de 3,7% das emissões globais de gases do efeito estufa (Foto: Getty Images via BBC News)
"A pegada de carbono dos nossos dispositivos, da internet e dos respetivos sistemas de suporte representa cerca de 3,7% das emissões globais de gases do efeito estufa..." (Foto: Getty Images via BBC News).

Embora a energia necessária para fazer uma simples busca na internet ou enviar um e-mail seja pequena, aproximadamente 4,1 bilhões de pessoas (53,6% da população global) estão conectadas hoje. Ou seja, esses pequenos fragmentos de energia, e os gases de efeito estufa associados a cada atividade online, são multiplicados.

A pegada de carbono dos nossos dispositivos, da internet e dos respectivos sistemas de suporte digital representa cerca de 3,7% das emissões globais de gases do efeito estufa, de acordo com algumas estimativas.

É similar à quantidade produzida pela indústria de aviação a nível mundial, explica Mike Hazas, pesquisador da Universidade de Lancaster no Reino Unido. E a previsão é que essas emissões dupliquem até 2025.

Se dividirmos a grosso modo as 1,7 bilhão de toneladas de emissões de gases de efeito estufa que se estima serem geradas na produção e operação de tecnologias digitais entre todos os usuários de internet no mundo, isso significa que cada um de nós é responsável pela emissão de 400g de dióxido de carbono por ano.

Mas essa conta não é tão simples – esse número pode variar dependendo de onde cada um de nós está. Os usuários da internet em algumas partes do planeta terão uma pegada de carbono desproporcionalmente grande.

Um estudo estimou que há 10 anos, os usuários médios de internet na Austrália eram responsáveis pela emissão equivalente a 81 kg de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. As melhorias na eficiência energética, a economia de escala e o uso de energia renovável, sem dúvida, reduziram esse volume, mas é claro que as pessoas nos países desenvolvidos ainda são responsáveis pela maior parte da pegada de carbono da internet, (CO2) é uma unidade usada para expressar a pegada de carbono de todos os gases de efeito estufa juntos, como se todos fossem emitidos como dióxido de carbono.

A constatação de que as atividades que executamos online estão a prejudicar seriamente o planeta levou algumas pessoas a agir.

“Tudo o que pudermos fazer para reduzir as emissões de carbono é importante, não importa quão pequeno seja, e isso inclui a maneira como nos comportamos na internet", diz Philippa Gaut, professora em Surrey, no Reino Unido.

Ela faz parte de um grupo cada vez maior de consumidores preocupados com o meio ambiente, que estão a tentar reduzir o seu impacto no planeta gerado pela internet.

"Se todo mundo mudasse os hábitos, teria mais impacto", acrescenta.

Uma das dificuldades em descobrir a pegada de carbono de nossos hábitos online é que não há um amplo consenso sobre o que deve ou não ser incluído. Devemos incluir, por exemplo, as emissões provenientes da fabricação dos hardwares de computação? E as emissões das equipas e dos edifícios de empresas de tecnologia?

Até os dados sobre o funcionamento dos datacenters são contestáveis – muitos operam com energia renovável, enquanto algumas empresas compram "créditos de carbono" para compensar o seu uso de energia.

Nos EUA, os datacenters são responsáveis por 2% do uso de eletricidade no país, enquanto globalmente representam pouco menos de 200 terawatt-hora (TWh). Mas, de acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT), da Organização das Nações Unidas (ONU), esse número tem-se mantido estável nos últimos anos, apesar do aumento do tráfego na internet.

Isso deve-se principalmente à melhoria da eficiência energética e ao movimento para centralizar os datacenters em instalações gigantes.

Mas enquanto muitas empresas afirmam alimentar os seus datacenters usando energia renovável, nalgumas partes do mundo eles ainda são amplamente dependentes da queima de combustíveis fósseis. E pode ser difícil para os consumidores escolherem que datacenters querem usar.

Vários dos principais provedores de nuvem, no entanto, se comprometeram a reduzir suas emissões de carbono –(armazenando fotos, documentos e executando serviços nos seus servidores sempre que possível), é uma abordagem que pode ser adotada.

Do ponto de vista individual, o simples fato de trocar de aparelho com menos frequência é uma maneira de reduzir a pegada de carbono da tecnologia digital. O gás de efeito estufa emitido na fabricação e transporte desses dispositivos podem representar uma parcela considerável das emissões ao longo da vida útil de um equipamento eletrônico.

Um estudo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, mostrou que estender de 4 para 6 anos o tempo que se usa um computador e o monitor pode evitar o equivalente a 190 kg de emissões de carbono na atmosfera.

Mensagens ecológicas…

Também podemos mudar a maneira como usamos os gadgets para reduzir as nossas pegadas digitais de carbono. Uma das formas mais fáceis de começar é alterando o modo como enviamos mensagens.

Talvez não seja surpresa, mas a pegada de carbono de um e-mail também varia significativamente – dependendo se é um e-mail de spam (0,3g de CO2e), um e-mail comum (4g de CO2e) ou um e-mail com foto ou anexo pesado (50g de CO2e), de acordo com o pesquisador Mike Berners-Lee, da Universidade de Lancaster.

Todavia, esses dados foram formulados por Berners-Lee há 10 anos. E de acordo com Charlotte Freitag, especialista em pegadas de carbono da Small World Consulting, empresa fundada por Berners-Lee, o impacto dos e-mails pode ter aumentado.

"Achamos que a pegada por mensagem pode ser maior hoje, uma vez que as pessoas usam telemóveis maiores", diz ela.

Com base nos dados antigos, algumas pessoas estimaram que os seus e-mails podem gerar 1,6 kg de CO2e num único dia. O próprio Berners-Lee também calculou que um usuário corporativo-padrão produz 135 kg de CO2e enviando e-mails a cada ano, o que equivale a dirigir 321 km de carro.

Mas pode ser fácil reduzir esse impacto. Se simplesmente pararmos com sutilezas desnecessárias, como e-mails só para dizer “obrigado”, podemos economizar coletivamente muitas emissões de carbono.

Se cada adulto no Reino Unido enviasse um e-mail a menos de “obrigado”, isso poderia evitar a emissão de 16.433 toneladas de carbono por ano – o equivalente a tirar 3.334 carros a diesel das ruas, de acordo com a empresa de energia OVO.

"Embora a pegada de carbono de um e-mail não seja grande, é um ótimo exemplo do princípio mais amplo de que cortar o desperdício de nossas vidas é bom para o nosso bem-estar e para o meio ambiente", acrescenta Berners-Lee.

Trocar os anexos de e-mail por links para documentos e não enviar mensagens para vários destinatários ao mesmo tempo é outra maneira fácil de reduzir a pegada de carbono digital, além de cancelar o recebimento de e-mails que não lemos.

"Cancelei o recebimento de newsletters geradas automaticamente. Quando fiquei a saber da pegada de carbono dos e-mails, fiquei horrorizada", diz Gaut.

"Agora, tomo cuidado para não cadastrar meu e-mail em novos sites… isso me fez mais consciente do enorme impacto."

De acordo com estimativas do serviço antispam Cleanfox, o usuário médio recebe 2.850 e-mails indesejados por ano, responsáveis pela emissão de 28,5 kg de CO2e.

Optar por enviar uma mensagem de texto (SMS) talvez seja a alternativa mais ecológica como forma de manter contato, uma vez que cada mensagem gera apenas 0,014g de CO2e.

Estima-se que um Twít tenha uma pegada de 0,2g de CO2e (embora o Twitter não tenha respondido às solicitações para confirmar esse número), enquanto o envio de mensagem por meio de aplicativos como WhatsApp ou Facebook Messenger tenha uma intensidade de carbono apenas um pouco menor do que enviar um e-mail, de acordo com cálculos de Freitag.

Agora, mais uma vez, isso pode depender de o que você está enviando – gifs, emojis e imagens têm uma pegada maior do que um texto simples.

A pegada de carbono de fazer uma ligação de um minuto pelo celular é um pouco maior do que enviar uma mensagem de texto, segundo Freitag, mas o impacto de fazer chamadas de vídeo pela internet é infinitamente maior.

Um estudo de 2012 estimou que uma reunião por videoconferência de cinco horas com participantes de diferentes países produziria entre 4 kg e 215 kg de CO2e.

Mas é importante lembrar que se a videoconferência substitui deslocamentos (como viagens de carro ou avião) para chegar à reunião, e pode ser muito melhor para o meio ambiente.

O mesmo estudo constatou que uma videoconferência produz apenas 7% das emissões de reuniões presenciais.

Tentar fazer uma “Pesquisa limpa”

A pesquisa na internet é outra área complicada. Há uma década, cada busca tinha uma pegada de 0,2 g de CO2e, segundo dados divulgados pelo Google.

Hoje, o Google usa uma combinação de energia renovável e compensação de carbono para reduzir a pegada das suas operações, enquanto a Microsoft, dona do mecanismo de busca Bing, prometeu remover mais carbono da atmosfera do que emite até 2030.

Partindo do princípio de que a terra que habitamos não é de todo um recurso inesgotável, será imperioso que cada um de nós faça a sua parte… caso contrário arriscamos a que - NÃO HAJA AMANHÃ!

Text by: Ed. Joaquina Damião/2022

Getty Images

BBC News/BBC

JOSUA MARUNDUH


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