domingo, 3 de outubro de 2021

Anonymous Didáctica - DECIVING QUALITY - A busca de uma qualidade que engana!!!

DECIVING QUALITY - A busca de uma qualidade que engana!!!


«A DEMOCRACIA DE AMANHÃ PREPARA-SE NA DEMOCRACIA DA

ESCOLA». (Celestin Freinet-1896/1966).


Defendemos uma Escola Pública de qualidade, democrática e amplamente acessível, multifuncional e capaz de reduzir as desigualdades sociais... No entanto, nesta segunda década do seculo XXI ainda estamos a assistir á concretização do essencial que "Freinet" havia proposto um seculo antes: a passagem de um paradigma de escola industrial (uma “fábrica de ensinar”), para uma perspetiva construcionista/construtivista, em que os aprendentes constroem eles próprios modelos mentais para realizar aprendizagem enquanto participam do processo através de metodologias chamadas de ”invertidas” ou inversão de aprendizagem. 

Nesta mudança o professor deixa de ser detentor do conhecimento que explana para ser catalisador, dinamizador e criador de mundos onde os alunos descobrem por si. Esta nova perspetiva exige mais e mais especializados recursos: humanos e físicos logo, mais investimento. Exige acima de tudo também mudança…e nada disso verificamos que esteja a acontecer! Para levar a cabo mudanças é preciso "líderes fortes" - conforme consta no preâmbulo ao Dec. Lei nº75/2008. Cria-se então a figura do diretor com “reforço de autonomia” e poderes quase absolutos no domínio da administração, contratação, avaliação… e eis que despontam líderes autocráticos ou sem mais eufemismos, ditaduras nos Agrupamentos de Escolas alargados. Das escolas, ficam em perigo as lideranças democráticas… Somam-se então, às exigências do ministério, os maiores ou menores desvarios dos diretores… e das Autarquias e Municípios, que vão ganhando também competências um pouco em tudo do que tem a ver com a Educação, (as escolas), desde o Conselho Geral aos funcionários.

Estas descentralizações, recentralizadas e disjuntas ao mesmo tempo geram insegurança. Causam a priorização do que dá estabilidade á comunidade escolar. Os direitos do professor (docente) decidir as suas próprias práticas pedagógicas passam a estar ameaçadas. Ao invés de efetivamente os professores se concentrarem no processo educativo foram sendo atulhados de listas de verificação, prestação de contas, justificações e toda uma burocracia. Obrigatoriedade de exporem o que fazem, quando fazem, planificações e individualizações, resultados e objetivos etc… Para se conseguir que toda uma escola funcione com regras (muito duvidosas diga-se de passagem), implementou-se um regime de gestão e “autonomia” feito á escala e imagem de um quartel militar em que o diretor- general é o todo-poderoso "faz de Deus". 

A vida nas escolas, a mesma que "Freinet" dizia ser o modelo pelo qual se constrói a sociedade do futuro é agora um local de prestação de contas, vaidade profissional, solampismo obsceno, pragmático, e muitas outras coisas, sendo de realçar que em pleno Sec. XXI (nesta segunda década),  não está a responder adequadamente aos desafios do que se pretende para a escolaridade básica mínima obrigatória, não está preparada para a flexibilidade curricular, apesar do que se quer fazer crer. Nesta escola, não há espaço para refletir ou pensar, para dialogar construtivamente sobre problemas e caminhos pedagógicos. As armas que o diretor não se coíbe de utilizar são braços burocráticos que controlam (ou pensam ) de forma imperativa a comunidade escolar na procura de uma «Qualidade, Eficácia e Eficiência» que são, no entanto, enganadoras. Uma escola não democrática contribui fortemente para formar cidadãos dispostos a seguir líderes autoritários e regimes não democráticos. 

É necessário restabelecer a democracia nas escolas! É urgente voltar á autonomia do professor com rigor. Voltemos á riqueza da escola assente na diversidade multicultural que começa nas diferentes visões do mundo que cada professor deve transmitir e que deve ir de encontro às multiplicidades étnico-raciais dos alunos. Voltemos á procura da qualidade pelo brio pessoal e profissional, tendo como como alvo a criança-jovem-aluno, á colaboração assente na amizade e camaradagem, aprofundemos e valorizemos a formação de equipas. Em ano de pós-eleições autárquicas, em que se e se luta pelo exercício da democracia, basta ver números da abstenção, como podem os futuros cidadãos do nosso país praticar esse princípio se não o viverem desde cedo nas escolas, lugares onde passam a maior parte do seu tempo?!...  AQUI FICA O APELO…


(By ANONYMOUS DIDACTICA 2021)




Autor: ANONYMOUS DIDÁCTICA 2021

Fonte: ANONYMOUS DIDÁCTICA 2021


O Blogue da Cidadania Ativa; Inclusão Social; Sustentabilidade Ambiental e Natureza

Carlos Carrapiço

2021