EXCLUIDOS
Quem trabalha com os refugiados e migrantes na Europa, ouve frequentemente as expressões: muro, barreiras, vedações, fronteiras… e pensamos logo no Presidente Trump e o seu famoso "Muro das Lamentações sobre a fronteira com o México", mas na realidade na Europa também temos muitos muros, uns mais visíveis do que outros. Há muros e vedações no sul de Espanha, na Hungria, na fronteira entre a Grécia e a Turquia, entre a Turquia e a Bulgária. Há muros e vedações que impedem o acesso físico a asilo. Uma das primeiras barreiras é sempre a embaixada nos diferentes países. As fronteiras começam aí onde as pessoas não têm acesso a um visto, ou à reunificação da família, ou não conseguem viajar para trabalhar, ou para procurar proteção. As vedações começam fisicamente ainda antes de as pessoas terem chegado às fronteiras da Europa. Depois quando chegam, há as vedações físicas, os guardas da fronteira, e todo o tipo de equipamento físico que faz parte da Fortaleza Europa.
A acrescentar, existe ainda a legislação. Grande parte da legislação sobre asilo e migração é feita com o intuito de impedir as pessoas de chegarem, de pedirem asilo. As provisões na lei são feitas para rejeitar a entrada das pessoas, não para as proteger. Por isso, este é um sistema de rejeição de pessoas que têm necessidade de proteção, ou que precisam de ter acesso às suas famílias. A juntar à legislação, existem as práticas.
Existem ainda as barreiras que representam a interpretação dos guardas fronteiriços e das autoridades. Tudo isto faz parte de um sistema que procura excluir pessoas, deixá-las de fora a todo o custo. E podemos ver esta tendência por toda a Europa. E então surge a questão humanitária, como pode cada um de nós não sendo ativista ajudar estas pessoas? Acreditar que devemos preservar a solidariedade que é muito importante enquanto valor para a nossa sociedade. Não é preciso iniciativas heroicas, ou ir para campos de refugiados. Há trabalho ao nível da comunidade local, em que cada um de nós pode fazer a diferença; aceitar o outro, promovendo ativamente a sua integração e aceitá-lo nas suas diferenças. É esta a chave para não nos deixarmos cair na armadilha da retórica do ódio extremista e covarde.
(By ANONYMOUS DIDATICA 2021)
Autor: ANONYMOUS DIDATICA 2021
Fonte: ANONYMOUS DIDATICA 2021
O Blogue da Cidadania Ativa; Inclusão Social; Sustentabilidade Ambiental e Natureza
Carlos Carrapiço
2021