ECONOMIA DE MISSÃO…
Atualmente ouvimos várias vezes este termo, mas raramente nos debatemos com o seu real significado. “Economia de Missão” está relacionado com o modo como o governo tem de mudar a partir de dentro para proporcionar resultados ambiciosos e também com a forma como tem de alterar a sua interação com outros agentes. Vejamos, a situação atual dos instrumentos habituais usados pelos sucessivos governos, como a tributação, a política orçamental e a política monetária, é característica pela qual andamos á deriva. Avaliando estas considerações Mariana Mazzucato, Professora de Economia no University College de Londres, expressa as suas preocupações e também as preocupações de alguns economistas pertencentes ao “mainstream” da lúgubre ciência económica dominante perante o estado do capitalismo realmente existente; o qual por sua vez se encontra confrontado com pelo menos quatro problemas de fundo. Pessoalmente, começaria por salientar a visão de curto prazo do setor financeiro; a "financeirização" das empresas; o estado de emergência climática e por fim os governos lentos e ausentes que temos. A visão de curto prazo do setor financeiro desencadeia uma enorme transferência de recursos financeiros para a Banca, as Seguradoras e para o Imobiliário, ou seja, para usos improdutivos, que literalmente “queimam” os alicerces da economia produtiva, geram bolhas especulativas e alimentam uma relação desigual entre a riqueza privada e os salários que o proletariado aufere para fazer face às despesas mais básicas…deixando o povo cada vez mais na miséria!...
A "financeirização" desviou capitais dos investimentos que propiciavam retornos de longo prazo para aplicações financeiras de carater especulativo de curto prazo, geradoras de elevadas taxas de endividamento. Este processo apesar de ter uma dimensão global, só falando ao nível do nosso país, tem triunfado a “doutrina da Corporate Finance” baseada exclusivamente na valorização dos acionistas e sem nenhum tipo de consideração pelos trabalhadores que são vistos como meros custos que tem que ser cortados máximo possível mais cedo ou mais cedo ou mais tarde. Estes modelos e paradigmas de estado social só fazem disparar ( já aconteceu no passado nos Países Escandinavos ) o endividamento privado e a miséria social. A aliança entre o setor financeiro e a economia baseada nos "combustíveis fosseis" aproxima cada vez mais o planeta do colapso ambiental. Segundo o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas, este cenário está a uma curta distância de dez anos. Entretanto, os governos, apesar da sua retorica ambientalista, não cessam de subsidiar as empresas de combustíveis fosseis. Só em 2019, estas receberam 20.000 milhões de dólares anuais nos EUA e 151 mil milhões na União Europeia (EU), para continuarem a envenenar impunemente o Planeta. A postura dos governos perante estes problemas tem sido, e continua a ser a de seguir as leis do "fundamentalismo neoliberal": o capitalismo funciona através de mercados autorregulados em que cada um é motivado pelo seu próprio interesse particular—as empresas visam maximizar os seus ganhos, e os trabalhadores maximizar, se puderem, as suas escolhas. Será, no fundo como que uma "mão invisível" do mercado poderoso a fazer com que cada um contribua, embora de forma involuntária, para a satisfação dos interesses de todos. Mas existe alternativa; o governo tem que fazer cada vez mais parte da solução para que os problemas gerados pelo capitalismo pré e pós-pandémico se resolvam. Tem que sair da sua posição de reativo e converter-se num governo mais pró-ativo: tributar as mais-valias financeiras, encorajar os investimentos que exigem retornos a longo prazo, produzir legislação que controle ou ponha termo á recompra de ações e deixar de subsidiar direta ou indiretamente os combustíveis fosseis, em suma, “terá de se transformar a si mesmo” numa organização com a capacidade e a aptidão de estimular e capitalizar a economia para que esta seja mais orientada para objetivos. Eis a missão para mudar o capitalismo: “O problema é que este tal como o vírus pandémico, está sempre a mudar de forma para no fundo, permanecer sempre na mesma!...
(By ANONYMOUS DIDATICA 2021)
Autor: Anonymous Didáctica)
Fonte: Anonymous Didáctica)
O Blogue da Cidadania Ativa; Inclusão Social; Sustentabilidade Ambiental e Natureza
Carlos Carrapiço
2021