quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Shantal Ayana Ft (NOVA ESCOLA, Brasil; DN/Lusa; ISCTE) - "DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA" 2021

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Uma imagem com texto

Descrição gerada automaticamente

Uma imagem com texto

Descrição gerada automaticamente

Questões étnico-raciais

Algumas questões podem suscitar debates em sala de aula e entre a comunidade escolar. Ainda assim, elas devem ser abordadas. Muitos professores e educadores ainda têm receio de levar determinados assuntos para a sala de aula. Seja por medo da reação dos alunos, das famílias ou até mesmo dos demais colegas. Desde 2003, a lei 10.639 estabelece a obrigatoriedade de o currículo escolar abordar estas questões em sala de aula com os alunos (Brasil).

O marco legal determina que o trabalho em torno das questões étnico-raciais deve ser realizado durante todo o ano letivo de forma transversal. Logo, o objetivo não deve ser promover discussões pontuais em novembro, ou noutra altura acordada, e nem se deve evitar tratar do assunto por ser considerado delicado por algumas pessoas. É necessário enfrentar os conflitos e as perguntas difíceis quando surgirem. “O racismo estrutura a nossa sociedade, por isso muitos assuntos ligados às questões raciais são consideradas um problema, porque tudo ligado ao - negro - é visto negativamente. Mas a maioria da população é negra e não dá para fugir desse facto nem de certos temas”, comenta Fátima Santana, Mestrada em Ensino das Relações Étnico-raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e Coordenadora Pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil Dr. Djalma Ramos, em Lauro de Freitas (BA). 

Por que se deve falar sobre questões étnico-raciais na escola?

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019, 56,2% da população declara-se negra. Esse facto por si só, já explicita a importância de incluir nas aulas, obras, materiais e discussões que representem a sociedade da qual a escola faz parte. E Portugal, por sua vez apresenta uma mistura de raças e etnias que faz de nós um povo multicultural (sem nunca esquecer a ligação a um passado recente, com as chamadas colónias, hoje países democratizados, autónomos e independentes, e do qual, Portugal em conjunto, fazemos parte dos países lusófonos PALOP, com grande valor patrimonial em termos de herança cultural), que tem por obrigação acolher e não fazer qualquer tipo de segregação seja de que tipo for. Aqui, como sempre a escola deve dar os primeiros passos, os primeiros ensinamentos para que as nossas crianças se vejam como um todo independentemente da cor, da raça, da religião pois somos todos seres humanos e é isso que a escola deve começar por incutir desde cedo! Há "racismo institucional" nas escolas portuguesas, é um fator inegável, mas que ninguém se atreve a falar abertamente apesar de vivermos em democracia!?!...(Fontes credíveis, DN/Lusa), ... Fazem-nos chegar noticias de que os alunos de origem imigrante frequentam menos anos e mais tardiamente o ensino pré-escolar e reprovam mais… O “racismo institucional" existe nas escolas portuguesas, é uma realidade… onde a maioria dos alunos afrodescendentes tem piores notas, mais probabilidade de chumbar e são quase todos enviados para o ensino profissional, revelação levada a cabo pelo estudo sobre "imigração e escolaridade".

Esta realidade, que tem sido revelada em estudos nacionais, dá "sentido à consideração de a escola portuguesa ser mais um dos contextos nacionais que é atravessado por processos de racismo institucional", sublinham os investigadores do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa.

Para os investigadores, a persistência das desigualdades "é um indicador, entre muitos, de que o racismo é parte dos obstáculos à democratização escolar". O problema existe. Não adianta ignorá-lo. 

Os últimos estudos realizados deixam-nos boas pistas de reflexão e, sobretudo, caminhos para ações concretas.

 “Olhar os outros sem ver as pessoas e a sua inalienável dignidade humana, mas as imagens e estereótipos que gravamos na nossa mente, fruto de mitos e preconceitos acumulados muitas vezes por anos de ignorância, constitui a principal causa da discriminação (Rosário Farmhouse)".

Preconceito é uma opinião que formamos das pessoas antes de conhecê-las. É um julgamento apressado e superficial e muito perigoso, pois ao invés de melhorar a nossa vida e da sociedade, acaba por trazer muitas situações complicadas e até mesmo violentas.

As pessoas que não conseguem deixar de ser preconceituosas podem vir a se tornar racistas. Um racista acredita que existem raças superiores às outras, o que é grande verdade, pois na espécie humana, não podemos dizer que existam raças; a cor da pele, a forma do nariz, o tipo do cabelo, o tipo do sangue, o formato e cor dos olhos, a espessura dos lábios, não são suficientes para estabelecer diferentes tipos de raças entre os seres humanos, que biologicamente são iguais em quase tudo , restando pequenas diferenças externas pouco importantes e que não servem para fazer com que uns sejam superiores ou inferiores aos outros e vice versa.

Fiquemos, para terminar, com as palavras do escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana, num notável conto intitulado "As mãos dos pretos"

Uma imagem com texto, pessoa, homem, interior

Descrição gerada automaticamente

«O que os homens fazem é feito por mãos iguais, mãos de pessoas que, se tiverem juízo, sabem que, antes de serem qualquer outra coisa, são homens. Deve ter sido a pensar assim que Ele fez com que as mãos dos pretos fossem iguais às mãos dos homens que dão graças a Deus por não serem pretos».

(By SHANTAL AYANA 2021)



Autor: Shantal Ayana

Fonte Shantal Ayana



O Blogue da Cidadania Ativa; Inclusão Social; Sustentabilidade Ambiental e Natureza

Carlos Carrapiço

2021






Não perca e leia a...